segunda-feira, 7 de julho de 2014

Chegou a Domingueira poética de 06/07/2014 - O Homero da crônica esportiva + INFORMATIVO da AFPF



---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Domingueira <domingueirapoetica@gmail.com>
Data: 6 de julho de 2014 07:31
Assunto: Chegou a Domingueira poética de 06/07/2014 - O Homero da crônica esportiva + INFORMATIVO da AFPF
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Prezadas/os

Pois é, quando não sei o que escrever, costumo pegar emprestado dos outros e compartilho com os domingueiros. Desta vez trata-se de um livro, uma raridade muito apropriada nesses dias de Copa do Mundo, disponível no território livre e sem lei da Internet. 

Julgo que me veio em boa hora, pois estamos a dois passos, ou melhor, a dois jogos do céu - ou inferno futebolístico - a coletânea  "Nelson Rodrigues - A Sombra das Chuteiras Imortais", organizada por outro brilhante artífice da palavras, o Rui Castro.

Até que não gosta de futebol vai concordar que é uma delícia ler Nelson falando de um tempo onde o futebol era menos isento de "marquetingui", Galvões-Bueno, Cartolas FIFENSES, redes sociais, twitters e outras pobrezas imediatistas.

Abaixo, como aperitivo para aguçar a curiosidade dos domingueiros, um depoimento nas "orelhas" escrito por outro monstro sagrado, o saudoso Armando Nogueira. Confiram.

"Nelson Rodrigues não enxergava direito. De longe, então, era 
incapaz de distinguir Fulano de Beltrano. No Maracanã, que deixa o 
torcedor a léguas do campo, não conseguia ver o jogo sozinho. Tinha 
que ter alguém soprando no ouvido dele os lances que a vista curta 
não alcançava. E, no entanto, ninguém jamais retratou um jogo de 
futebol com a dimensão épica que o leitor vai encontrar neste livro 
organizado por Ruy Castro com o mesmo rigor e o mesmo 
encantamento com que se debruçou sobre a vida e a obra desse 
admirável artista que conheci tão de perto. 

Releio, em estado de graça, a prosa poética de Nelson 
Rodrigues, escrita ao longo de vinte anos. São crônicas da época em 
que o futebol brasileiro foi mais feliz. O livro apaixona. O estilo é, ao 
mesmo tempo, lírico e cortante. Nelson adjetiva a vida e os homens 
com uma audácia exemplar. 

À sombra das chuteiras imortais é a obra sem igual de um cronista que nunca deu a mínima bola para a frígida aritmética do jogo. Na ótica privilegiada de Nelson, futebol 
sempre foi e há de ser arrebatamento. Paixão avassaladora. Chuteiras sangrando pela doce abstração de um gol. 

O olhar metafórico de Nelson percorria o campo todo, recriando 
cada passe, cada drible, cada gol, numa secreta tabelinha com 
parceiros do imponderável. Era nas entrelinhas desse jogo sempre 
mágico que ele ia buscar seus personagens. A bola que passasse por 
Castilho não passaria por uma certa alma do outro mundo que o 
cronista volta e meia escalava para salvar de uma derrota o time do 
Fluminense ou a seleção nacional. Por suas sagradas paixões, Nelson 
Rodrigues encarava Deus e o mundo. 

Nelson Rodrigues costumava dizer que, como um menino, via o 
amor pelo buraco da fechadura. Poderia dizer, também, que via o 
futebol com os olhos de um iluminado. Todo domingo, ele ia ao 
estádio, para contemplar os anjos e os demônios da sua devoção. Foi 
assim, no entardecer de cada jogo, que nasceu À sombra das 
chuteiras imortais, canto primeiro e único à epopéia do futebol 
brasileiro. 

Nelson é o nosso Homero, sem tirar nem pôr. 

Armando Nogueira"

Boa leitura. Bom Domingo. Brasil-il-il-il....

PS: Para aproveitar essa remessa, e compensar os que não gostam do gênero, anexei o Informativo da AFPF, que costumo enviar-lhes em separado.


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Antonio Pastori, guardião da Domingueira Poética


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