Domingueira Poética
15 / maio / 2011
A Domingueira volta literalmente aos trilhos...
Desta feita, compartilho com Vocês o belo poema "Tarde de Maio", que a poeta Amélia Luz, de Pirapetinga - MG, declamou no ato de sua posse como membro da AFL - Academia Ferroviária de Letras, no dia 9 de maio corrente, no Auditório da AENFER - Associação de Engenheiros Ferroviários, aqui no Rio. Principalmente os alemparaibanos e os que conhecem os Torreões da Estação de Porto Novo vão curtir bastante.
TARDE DE MAIO
Amélia Luz
Além Paraíba, tarde de maio...
Da janela vazia
De vidraças quebradas
Procuro o trem,
Espero o trem.
Lembro do trem do passado
E ele não vem... não vem...
Os torreões caem
Agredidos pelo descaso
E pelo próprio tempo
Que os consome, impiedosamente!!!
Com a mala pronta, na estação,
Com os olhos cheios de saudade
Meço a distância entre o ontem e o hoje,
Entre os trilhos e apitos de trens
E as estradas asfaltadas
Que transportam modernidade...
O tempo parou nos trilhos???
A ferrugem sepultou idéias e ideais???
As torres registram um progresso vivido
Gemendo nas ruínas do abandono cruel!
A rotunda desaba vazia e corroída,
Rangendo as suas portas de mistério
Que guardam recordações perdidas...
Tarde de maio... Tarde de maio...
Outra vez Além Paraíba!!!
Ao redor das torres vislumbro
A estrutura de uns andaimes...
Oh! Meu Deus, será verdade,
Ou miragem dos meus olhos cansados?
Visto novamente o guarda-pó
Apanho a mala apressado
Ouço o conhecido apito do trem
Se aproximando, se aproximando...
Embarco, tomo o meu lugar,
Sentindo a emoção de um balanço
Familiar, tão conhecido...
Encantado viajo além da razão
Sobre os trilhos mágicos da imaginação.
- Corre, corre motorneiro!
Apita, acorda a Zona da Mata,
serpenteia com alegria
nas Áreas Proibidas das Minas Gerais!
Só assim, a fumaça solta, espiralada,
espalhará poesia, espalhará fantasia,
Pelos recantos da minha terra!
TARDE DE MAIO
Amélia Luz
Além Paraíba, tarde de maio...
Da janela vazia
De vidraças quebradas
Procuro o trem,
Espero o trem.
Lembro do trem do passado
E ele não vem... não vem...
Os torreões caem
Agredidos pelo descaso
E pelo próprio tempo
Que os consome, impiedosamente!!!
Com a mala pronta, na estação,
Com os olhos cheios de saudade
Meço a distância entre o ontem e o hoje,
Entre os trilhos e apitos de trens
E as estradas asfaltadas
Que transportam modernidade...
O tempo parou nos trilhos???
A ferrugem sepultou idéias e ideais???
As torres registram um progresso vivido
Gemendo nas ruínas do abandono cruel!
A rotunda desaba vazia e corroída,
Rangendo as suas portas de mistério
Que guardam recordações perdidas...
Tarde de maio... Tarde de maio...
Outra vez Além Paraíba!!!
Ao redor das torres vislumbro
A estrutura de uns andaimes...
Oh! Meu Deus, será verdade,
Ou miragem dos meus olhos cansados?
Visto novamente o guarda-pó
Apanho a mala apressado
Ouço o conhecido apito do trem
Se aproximando, se aproximando...
Embarco, tomo o meu lugar,
Sentindo a emoção de um balanço
Familiar, tão conhecido...
Encantado viajo além da razão
Sobre os trilhos mágicos da imaginação.
- Corre, corre motorneiro!
Apita, acorda a Zona da Mata,
serpenteia com alegria
nas Áreas Proibidas das Minas Gerais!
Só assim, a fumaça solta, espiralada,
espalhará poesia, espalhará fantasia,
Pelos recantos da minha terra!
Compartilho, também, o texto / poema "A Distância", de Thales Paradela. Sobrinho da Celi, filho do Celso e da Helena, o Thales tem múltiplos talentos: é engenheiro, professor universitário, poeta e ator. Vejamos, pois, as suas reminiscências de uma viagem pela E. F. Vitória - Minas, às margens do Rio Doce, nas Minas Gerais:
A DISTÃNCIA
- Thales Paradela
- Falta muito?
- Tá chegando...
- Ainda?
- Tá chegando...
- De novo?
- Sempre!
Pela janela do trem, o tempo passa de revés. Relatividade tem de ter sido deduzida num trem de beira do rio Doce. Muito saculejo na cabeça dá nisso.
- Ainda tá longe?
- Um dia chega...
- É antes ou depois daquele morro?
- É antes do que eu morro...
Trem segue pra lá, rio desce pra cá, tempo corre pronde? E o guardado do tempo, escorre? Cai de lado? Em que margem do rio tenho que estar pra pescar lembrança? Mas se eu trocar de margem, fisgo lembrança de amanhã? O Doce é marron, chuva já foi mas com barro foi cotejando no beiral da encosta, chegou marron no leito. Chuva torna a ser, clara. Onde fica o barro recolhido?
- De novo esta curva?
- É outra...
- Como que você sabe se vira igual?
- Não sei, mas a tonteira é outra?
- Parece que não sai do lugar, sai?
- Só pra poder voltar...
Dormente de trem parece dormido, mas trilho eu asseguro que é sujeito direito, reto. Leva sempre. Mas trilho tem final? Eles se juntam lá nesse? Tem uns que leva e traz, é só trocar o lado do foguista. Quando de eu ir, passei por uma mangueira carregada, aguei. Foi chegar e procurar um pé. Em que pé eu subi? Não é a mesma manga do caminho? Essa quem plantou? Ou é a mesma, que o tempo plantou. Sei uns que comeram, mas num vi quem plantou. Os de depois terão o de comer?
- Falta muito?
- Só um tempo...
- Tempo nunca é só! Falta.
- Acho até que o tempo é só...
- E chega onde?
- Tá vendo aquele abraço?
- Daqui parece pequeno...
- Pois é ali que ele chega.
- E qual a distância?
- Um metro depois da saudade!
x=x=x
Boa "viagem" para Vocês, nos trilhos da saudade, com as reminiscências poéticas da Amélia e do Thales.
Abraços / beijos,
Victor
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