quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sobre os urubus



                              SOBRE OS URUBUS
                                       Dalmo Saraiva

Ando perseguindo insistentemente os urubus. Eles me fascinam.
Deixam as minhas asas incapacitadas nos elos da corrente. Como
um visgo de jaca, fico agarrado no chão sem poder voar. Mesmo
assim, voo com os dois pés grudados no barro do chão. Sujo as
unhas, mas limpo as minhas penas. As penas e os penares. Urubu.
Bicho escuro, já que não posso mais usar outra palavra. A censura
não me protege da carniça nem do mal cheiro. Para não virar
condor, alivio a minha ânsia nas mãos de todo pecado.
Não sei o que é a sorte ou o azar. Então olho para o céu e me 
contendo em ver um bando de urubus livres. 




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