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A Língua
A língua se contenta em ser só. Só, mas cercada de diversos
soldados brancos. Pelos lados, por cima e por baixo. A língua.
Instrumento mole cravada no chão e imprensada pelo céu.
O céu da boca. Vem lá de dentro, costurada com a pele.
Agarrada no canudo. Fatigada como é. Por ela passa tudo.
Até o que não deve passar. É o país das vertentes molhadas
de pecados. Ajuda na fala, mas ao mesmo tempo, condena
na sua própria prisão. Língua. Lesma canastra fantástica.
Pirata do som. Sagrada e profana.
Dalmo Saraiva
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