fotos: Aline de Oliveira na Oficina de Poesia e Produção
Gomes & Gumes
todo poema tem dois gomes toda faca tem dois gumes
de um eu não digo os nomes da outra não mostro os lumes
se um corta com palavras a outra com corte mesmo
se um é produto da fala a outra do ódio a esmo
todo poema tem dois gomes toda faca tem dois gumes
e um amor cego nas asas brilhante de vagalumes
se em um a linguagem é sacana
na outra o corte é estrume
todo poema tem dois gomes toda faca tem dois gumes
se em um peixe é palavra na outra o brilho é cardume
é fio estrela na lavra mal cheiro vício costume
de um eu não digo os nomes da outra não mostro os lumes
se em um a coisa é sagrada ofício provindo das vísceras
na outra a fé é lacrada hóstia servida nas missas
se em um é cebola cortada aroma palavra carniça
na outra o ferro, é tempero fé cega - fome amolada
– poema é só desespero
Artur Gomes
www.arturgomes.blogspot.com
in 20 Poemas om Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor de Campos
SampleAndo
o poema pode ser um beijo em tua boca
carne de maçã em maio
um tiro oculto sob o céu aberto
estrelas de néon em vênus
refletindo pregos no meu peito em cruz
na paulista consolação da na água branca barra funda
metal de prata desta lua que me inunda
num beijo sujo como a estação da luz
nos vídeosfilmes de TV eu quero um clip
em tuas coxas japa
uma cilada nos teus seios quentes
como uma flecha em tuas costas índia
ninja, gueixa eu quero a rota teu país ou mapa
teu território devastar inteiro
como uma vela ao mar de fevereiro
molhar teu cio e me esquecer na lapa
Artur Gomes
Desdita
chegaram
de grito em punho
- incisivos -
fraturando o silêncio.
falaram que os companheiros
comiam do mesmo grude,
lambiam a caçarola
cheirando a sexo de esmola,
tremiam no mesmo frio
da mesma noite assassina,
gemiam no mesmo açoite
da mesma nau da chacina;
disseram que um companheiro
esfaqueou o amigo do peito
e foi lavar as mãos
no botequim da esquina.
mas não vou cantar desditas
de crimes passionais,
eu cá por dentro de mim
já trago umador tão grande
que não nem cabe nos jornais.
Salgado Maranhão
do Livro A Cor da Palavra
Prêmio da Academia Brasileira de Letras - 2011
may pasquetti musadaminhacanon
Galope
com espada
em riste
galopamos
pradarias
e lutamos
ferozmente
por dois segundos
e meio
tua fúria era louca
que agarrei-me
em tuas crinas
pra não cair na lama
mas o amor era tanto
e tanto era o prazer
que quando fomos pra cama
não tinha mais o que fazer.
Artur Gomes
IN Suor & Cio
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