Domingueira Poética
03 / julho / 2011
A Domingueira de hoje lhes traz uma história de amor. Verdadeira.
Trata-se de um pedaço de memória da amiga Nina Campos, de Belisário, um pequeno e encantador distrito de Muriáe, nas montanhas das Minas Gerais.
A Nina tem sólida e diversificada formação acadêmica. É aposentada do Itamaraty, onde foi Oficial de Chancelaria, servindo vários anos no exterior, nos Estados Unidos e na Europa. Foi casada com o Maestro Léo Perachi. Ao enviuvar, retornou à sua terra e criou o GAB - Grupo de Artesãos de Belisário, para o qual já doou seu patrimônio, inclusive a bela e ampla sede, um múltiplo espaço cultural.
Aliou-se ao meu cunhado Cleber Paradela, irmão da Celi, engenheiro aposentado e "agitador cultural", e sua esposa, a Psicóloga aposentada Miriam, que voltaram de Salvador - BA, onde estiveram "desterrados" por algum tempo e optaram por viver em Belisário, terra dos seus ancestrais. Belisário não é mais o mesmo com a liderança deles.
Recentemente, no feriadão de Corpus Christi, eu, Celi e grande parte da família estivemos por lá e participamos da festa junina e do evento "Belisário no Tom de Chico", um tributo a Tom Jobim e Chico Buarque. Agora em julho, nos dias 16 e 17, outro projeto muito interessante acontecerá: "Gastronomia na Serra - Queijos, Vinhos & Caldos". Com direito a música de qualidade: no sábado, à noite, o Duo Uniarte - Omar Fadul / flauta e Tíbor Fittel / piano; no domingo, pela manhã, a Camerata de Muriaé e o cantor lírico Geraldo Mathias, do corpo permanente do Theatro Municipal do Rio. Nos próximos dias divulgarei a programação detalhada.
Mas vamos à história de amor da Nina, que é leitora fiel da nossa Domingueira Poética. Eis a resposta dela ao Cleber, que lhe pediu um poema para que eu incluísse na Domingueira. A própria Nina me autorizou, pessoalmente, a divulgar seu texto e o poema:
| Cléber, Sinto não poder colaborar com poesia, pois acho que aprendi o suficiente de Letras para saber que não dou para o "riscado". Que tal enviar uma de um fã meu da adolescência? Acho que devo explicar que ele era padre, recém-formado na Itália, jovem, professor de biologia e inglês no colégio em que eu fazia o curso de Normalista. De início encantamo-nos um com o outro: ele, bonito, elegante, posudo, inteligente. Eu...," resistir quem há-de?". Tratei de ser a primeira aluna das duas classes, esmerava-me na aparência e no trato. Era primeiro amor, orgulho e vaidade, tudo junto. Além de fruto proibido. Então, deu no que não deu. Depois de formada, já no Rio, cursando outra Faculdade e continuando o curso de idiomas, recebi dele uma foto e a seguinte poesia: EU Pe. José Rocha de Castro Queres saber quem eu sou? Sou como um velho moinho Que abandonado e sozinho Num descampado parou. Se a água que já passou Voltasse, num borborinho, Diria quanto carinho Da velha roda escutou. Onde andareis velhas águas? Por outras rodas rodando? O triste limo das mágoas Ficou na roda parada. Pobre saudade Enfeitando um sonho morto E mais nada ! Pensei, pensei, pensei muito. Sofri. Mas não tive coragem de voltar para Caratinga, MG. Medo de enfrentar os preconceitos, de voltar às dúvidas nunca dirimidas nas muitas tardes de confissionário, medo do desgosto às famílias...Do tio dele, Monsenhor Rocha. Até do Bispo, Dom Cavatti. Ah, o celibato ! Por quê o celibato ? Será que Deus é assexuado? Algum tempo depois, soube que ele falecera. Com certeza, junto com o nosso sonho. Abraço, Nina de Belisário |
--
Conheçam um pouco de Belisário, visitando o blog:
x=x=x
Um belo domingo para Vocês. Abraços / beijos,
Victor
DIVULGAÇÃO GRATUITA:
Poemas & Canções
Nenhum comentário:
Postar um comentário